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"Acho que finalmente me dei conta que o que você faz com a sua vida é somente metade da equação. A outra metade, a metade mais importante na verdade, é com quem está quando está fazendo isso."

27/03/2010

Dia do Combate ao Fumo



Dia 29 de Agosto Dia do Combate ao Fumo. Faço minhas as palavras do Dr. Drauzio Varella: Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas. Como é possível considerar a proibição de fumar, nos lugares em que outras pessoas respiram, uma afronta à liberdade individual?

As evidências científicas de que o fumante passivo também fuma são tantas e tão contundentes, que os defensores do direito de encher de fumaça bares, restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por duas razões: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente, não consigo imaginar terceira alternativa.

Vamos começar pela ignorância. Num país de baixos níveis de escolaridade como o nosso, nem todos têm acesso a conhecimentos básicos. A fumaça expelida dos pulmões fumantes contém, em média, um sétimo das substâncias voláteis e particuladas do total inalado. Já aquela liberada a partir da ponta acesa contém substâncias tóxicas em concentrações bem maiores: três vezes mais nicotina, três a oito vezes mais monóxido de carbono, 47 vezes mais amônia, quatro vezes mais benzopireno e 52 vezes mais DNPB (estes dois, cancerígenos potentes).

Por serem de tamanho menor, as partículas que se desprendem da ponta acesa, produzidas durante 96% do tempo em que um cigarro é consumido, penetram com mais facilidade nos alvéolos pulmonares.

Depois de uma manhã de trabalho num escritório em que várias pessoas fumam, a concentração de nicotina no sangue de um abstêmio pode atingir os níveis de quem tivesse fumado três a cinco cigarros. Empregados de bares e restaurantes, que passam seis horas em ambientes carregados de fumaça, chegam a ter concentrações sanguíneas de nicotina equivalentes a de quem fumou cinco ou mais cigarros.

Mulheres gestantes expostas à poluição do fumo, em casa ou no trabalho, apresentam nicotina não apenas na corrente sanguínea, mas no líquido amniótico e no cordão umbilical do bebê.

A nicotina inalada pelo fumante passivo, associada ao monóxido de carbono, provoca lesões nas paredes internas das coronárias, redução do fluxo de sangue e do aporte de oxigênio para o músculo cardíaco, facilitando a formação de placas de ateroma e a ocorrência de infartos.

Um estudo feito por um grupo da Universidade Harvard entre 32.046 mulheres que nunca fumaram, ao contrário de seus maridos, mostrou que a incidência de doença coronariana entre elas atingiu quase o dobro daquela encontrada entre mulheres não expostas.

Pesquisa da Universidade Yale com 10 milhões de mulheres de maridos fumantes revelou que a incidência de câncer de pulmão foi o dobro da esperada entre não fumantes.
Há poucos meses, citei um estudo recém-publicado pela Universidade de Glasgow, na Escócia, para avaliar o impacto da lei que proibiu o fumo em bares e restaurantes na incidência de ataques cardíacos.

Nos dez meses que antecederam a vigência da lei, foram internados nos hospitais de Glasgow 3.235 pacientes com quadros coronarianos agudos. Nos dez meses seguintes à proibição, houve 551 casos a menos. Houve queda em todos os grupos: 14% nos fumantes, 19% nos ex-fumantes e 21% nos não-fumantes, a diminuição mais acentuada.

Para não abusar de sua paciência, leitor, serei breve: os dados são inequívocos, os fumantes passivos estão sujeitos a sofrer dos mesmos males que afligem os ativos. Agora, vamos ao interesse pessoal dos que entendem que proibir a poluição ambiental causada pelo fumo é uma interferência do Estado na liberdade individual. Se ainda não foi inventado um método de exaustão capaz de impedir que a fumaça se dissemine pelo ambiente inteiro, esses senhores defendem o indefensável. Liberdade para através de uma ação individual causar mal à coletividade? Não sejamos ridículos.

Os sindicatos dos empregados de bares e restaurantes, que sempre se levantaram contra a proibição, alegando risco de desemprego (fato que não ocorreu em nenhuma cidade do mundo), que medidas tomaram até hoje para proteger seus associados da poluição ambiental em que trabalham? Alguma vez lutaram para que eles recebessem adicional de insalubridade? Para que tivessem um plano de saúde decente?
Não é função do Estado proteger o cidadão do mal que ele causa a si mesmo. Mas é dever, sim, defendê-lo do mal que terceiros possam fazer contra ele.


Fonte: aqui

Os fabricantes de cigarro levaram 40 anos para admitir o que já sabiam desde os anos 1950: o fumo causa câncer de pulmão. Nesse período, "a indústria do tabaco cometeu uma sucessão de fraudes, propagou mentiras com ares de controvérsia científica e enganou os consumidores num nível provavelmente inédito na história do capitalismo". Assim começa o excelente livro "O Cigarro", de Mario Cesar Carvalho.

Nele, o autor conta a história do cigarro desde suas origens. Diz que o capelão da primeira expedição francesa ao Brasil, em 1556, já relatou seu uso entre os tupinambás. Daqui, o fumo emigrou clandestinamente para Portugal e para a Espanha.

Fumar cigarro era raridade até o final do século 19. Em 1880, cerca de 58% dos usuários de tabaco eram mascadores de fumo, 38% fumavam charuto ou cachimbo, 3% cheiravam rapé e apenas 1% era fumante de cigarro. Nesse ano, o americano James A. Bonsack inventou uma máquina capaz de enrolar 200 cigarros por minuto, o que criou condições para o aparecimento da indústria.

Então veio a distribuição de cigarros aos soldados nas trincheiras, durante a Primeira Guerra, e seu uso, que se achava restrito às camadas marginais das sociedades americana e européia, explodiu. Em 1900, o consumo anual americano era de cerca de 2 bilhões de cigarros; em 1930, chegou a 200 bilhões. As duas guerras mundiais, que afrouxaram a oposição ao cigarro, a urbanização acelerada, a criação do mercado de massa e a expansão do mercado de trabalho, criaram as condições para que a epidemia do fumo se espalhasse pelo mundo, envolta em glamour por Hollywood, como símbolo de modernidade.

Descrito com clareza o cenário que levou à disseminação dessa praga do século 20 pelos cinco continentes, o autor mostra como ocorreu a tomada de consciência da sociedade em relação aos malefícios do fumo e como a indústria boicotou as informações científicas que esclareciam a associação do cigarro com o câncer e com as doenças cardiovasculares. Até a década passada, por exemplo, a indústria se negava a reconhecer até o mais óbvio: que a nicotina provoca dependência, num deboche cínico aos que enfrentam o tormento de parar de fumar.

Essa guerra suja, engendrada por executivos de terno e gravata e por pesquisadores sem escrúpulos alugados por eles, é apresentada de forma sucinta e contundente, justificando plenamente a conclusão inicial de que a indústria enganou de forma vil os consumidores, provocando milhões de mortes evitáveis.

A estratégia de rebater todas as evidências de que o cigarro provoca doenças mortais conseguiu assegurar aos fabricantes o direito de manter, por muitos anos, a propaganda do cigarro pelos meios de comunicação de massa, com mensagens dirigidas a adolescentes, concebidas para aliciá-los à escravidão da dependência de nicotina. Existe, na história do capitalismo, exemplo mais abominável de crime contra as crianças, perpetrado em nome do lucro?

Nos dias de hoje, esse aliciamento criminoso se faz sentir especialmente nos países em desenvolvimento, nos quais a defesa da saúde pública ensaia os primeiros passos e a vida humana parece valer menos. Conformada com a perda de mercado nos países industrializados, a indústria do fumo descarrega seu poder de fogo para conquistar novos dependentes nos países pobres.

No Brasil, apesar do avanço inegável dos últimos anos, a adoção de medidas restritivas à publicidade do cigarro aconteceu com 30 anos de atraso em relação aos Estados Unidos, como nos lembra o autor. Desde 1971, é proibido anunciar cigarro na TV americana; no Brasil, a proibição foi feita há pouco mais de um ano. Durante 30 anos, nossas crianças foram bombardeadas com mensagens para induzi-las a fumar, enquanto as americanas eram protegidas pela legislação de seu país.

Da mesma forma, atualmente, enquanto as multinacionais da indústria de tabaco concordaram em pagar 246 bilhões de dólares para convencer os 50 estados americanos a desistir de mover contra elas ações por fraude contra a saúde pública, aqui não arcam nem sequer com um centavo das despesas com o tratamento das doenças provocadas pelo cigarro. Por quê? Para essas companhias, a vida de um cidadão americano vale mais?

Nesse campo vale a pena acompanhar com todo o cuidado a ação que a Associação em Defesa da Saúde do Fumante (Adesf) move contra a Souza Cruz e a Philip Morris e que conseguiu, no Supremo Tribunal, a inversão do ônus da prova, isto é, as companhias é que terão de provar que cigarro não vicia. Foi uma ação similar a essa que possibilitou o acordo de US$ 246 bilhões nos Estados Unidos, como bem ressalta Carvalho.

O ponto alto do livro, no entanto, está no capítulo "Por que o Cigarro Conquistou o Mundo". Nele, o autor toca num ponto quase nunca lembrado, mas absolutamente fundamental para entender qualquer dependência química: o usuário sente prazer ao consumir a droga.

No caso da nicotina, esse prazer está ligado à sua interação imediata com receptores dos neurônios situados em áreas do cérebro associadas às sensações de prazer e de recompensa e à busca da repetição do estímulo que provocou o prazer. Se um cigarro for consumido em dez tragadas, o autor calcula, o cérebro do fumante de um maço por dia verá esse circuito repetir-se 73 mil vezes por ano. E pergunta com lógica cristalina: que outra droga provoca 73 mil impactos de prazer num ano? Nessa pergunta elementar está a resposta à dificuldade enfrentada pelos 80% ou mais dos que fracassam na tentativa de abandonar o cigarro. Nela está a explicação de por que é mais difícil largar do cigarro do que do álcool, da maconha, da cocaína, da heroína, da morfina ou do crack.

O cigarro é, hoje, o maior problema de saúde pública mundial. Mata mais que a Aids, a Malária e a varíola, juntas. No Brasil, morrem cerca de 105 mil pessoas por ano ( fonte INCA- MS), tendo dedos, pernas, braços amputados; sem poderem respirar por conta de câncer de pulmão ou enfisema; sem mandíbulas; com o rosto desfigurado; sem esôfago; com câncer de próstata, etc. Imagine um Maracanã lotado, em dia de final de campeonato. Um ano depois, imagine-o vazio, triste e escuro. Todos se foram por conta do cigarro. E depois de uma carga enorme de sofrimentos.

E, infelizmente, quem paga esta conta é o povo brasileiro. Todos nós: você e eu, através dos impostos. Vamos fazer os fabricantes de cigarros pagarem isto. Vamos punir quem deve ser punido. Afinal de contas, eles faturam e nós pagamos as contas? Não deixe isto continuar, principalmente se você já conviveu com - e pagou por - este tipo de problema.

Nos últimos 30 anos, o fumo provocou um milhão de óbitos no Brasil e o prognóstico para os próximos quinze anos é de mais sete milhões de mortes;

Há no cigarro 4.730 produtos tóxicos, como a nicotina, o alcatrão, agrotóxicos, substâncias radioativas, metais pesados e monóxido de carbono;

O fumo provoca infarto, efisema pulmonar, derrame cerebral, osteoporose, e sobretudo cânceres (pulmão, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, colo do útero, bexiga). E também impotência, menopausa precoce, rugas, aborto espontâneo, prematuridade e morte perinatal;

A fumaça lateral do cigarro, assimilada pelo fumante passivo, tem três vezes mais nicotina e cinqüenta vezes mais substâncias cancerígenas do que a expirada pelos tabagistas;

Num recinto onde o fumo é permitido, ao final de oito horas o não fumante terá consumido quatro cigarros, aumentando em até duas vezes sua chance de ter câncer de pulmão;

O dinheiro gasto anualmente com exames, internações e medicamentos decorrentes de doenças do fumo é suficiente para construir quinze hospitais.

O consumo de tabaco porá fim prematuramente à vida de dez milhões de pessoas até 2020, caso a tendência atual continue.

É o único produto legal que causa a morte da metade de seus usuários regulares. Isto significa que de 1,3 bilhão de fumantes no mundo, 650 milhões vão morrer prematuramente por causa do cigarro, diz a OMS.

O tabaco causa prejuízos de mais de 200 bilhões de dólares ao ano no mundo. No Egito, o custo anual do tratamento de doenças vinculadas ao tabagismo chega a 545 milhões de dólares e na China a 6,5 bilhões de dólares, segundo os últimos números disponíveis.

Mais de um milhão de pessoas de 350 milhões de fumantes morrem vítimas do tabagismo a cada ano na China e, segundo a OMS, este número poderia chegar a três milhões em 2050

Composição do cigarro

Nicotina. É a causadora do vício;
Benzopireno. Substância que facilita a combustão existente no papel que envolve o fumo;
Nitrosaminas;
Substâncias radioativas. Como o polônio 210 e carbono 14;
Agrotóxicos. Como o DDT;
Solventes. Como o benzeno;
Metais pesados. Como chumbo e o cádmio. Um cigarro contém de 1 a 2 mg, concentrando-se no fígado, rins e pulmões, tendo meia-vida de 10 a 30 anos, o que leva a perda de capacidade ventilatória dos pulmões, além de causar dispnéia, enfisema, fibrose pulmonar, hipertensão, câncer nos pulmões, próstata, rins e estômago;
Níquel e arsênico. Armazenam-se no fígado e rins, coração, pulmões, ossos e dentes, resultando em gangrena dos pés, causando danos ao miocárdio etc;
Cianeto hidrogenado;
Amônia. Utilizado em limpadores de banheiro;
Formol. Componente de cadáver;
Monóxido de carbono. É o mesmo gás que sai dos escapamentos de automóveis, e como tem mais afinidade com a hemoglobina do sangue do que o próprio oxigênio, toma o lugar do oxigênio, deixando o corpo do fumante - ativo ou passivo - totalmente intoxicado;
E mais de 4.700 substâncias com cerca de 700 cancerígenas.


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Fonte: Aqui

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