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"Acho que finalmente me dei conta que o que você faz com a sua vida é somente metade da equação. A outra metade, a metade mais importante na verdade, é com quem está quando está fazendo isso."

27/02/2010

Desconstruções - Martha Medeiros



Quando a gente conhece uma pessoa,
construímos uma imagem dela.
Esta imagem tem a ver com o que ela é de verdade,
tem a ver com as nossas expectativas
e tem muito a ver com o que ela "vende" de si mesma.
É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos.

Se esta pessoa for bem parecida
com a imagem que projetou em nós,
desfazer-se deste amor, mais tarde,
não será tão penoso.
Restará a saudade,
talvez uma pequena mágoa,
mas nada que resista por muito tempo.
No final, sobreviverão as boas lembranças.
Mas se esta pessoa "inventou" um personagem
e você caiu na arapuca,
aí, somado à dor da separação,
virá um processo mais lento e sofrido:
a de desconstrução daquela pessoa que você
achou que era real.
Desconstruindo aquele, este e tantos outros.

Milhares de pessoas estão vivendo seus dias
aparentemente numa boa,
mas por dentro estão desconstruindo ilusões,
tudo porque se apaixonaram por uma fraude,
não por alguém autêntico.

Ok, é natural que, numa aproximação,
a gente "venda" mais nossas qualidades que defeitos.
Ninguém vai iniciar uma história dizendo:
muito prazer, eu sou arrogante,
preguiçoso e cleptomaníaco.
Nada disso, é a hora de fazer charme.
Mas isso é no começo.

Uma vez o romance engatado,
aí as defesas são postas de lado
e a gente mostra quem realmente é,
nossas gracinhas e nossas imperfeições.
Isso se formos honestos.
Os desonestos do amor são aqueles
que fabricam idéias e atitudes,
até que um dia cansam da brincadeira,
deixam cair a máscara
e o outro fica ali, atônito.

Quem se apaixonou por um falsário,
tem que desconstruí-lo
para se desapaixonar.
É um sufoco.
Exige que você reconheça que foi
seduzido por uma fantasia,
que você é capaz de se deixar confundir,
que o seu desejo de amar
é mais forte do que sua astúcia.

Significa encarar que alguém por quem você
dedicou um sentimento nobre e verdadeiro
não chegou a existir,
tudo não passou de uma representação –
e olha, talvez até não tenha sido por mal,
pode ser que esta pessoa
nem conheça a si mesma,
por isso ela se inventa.

A gente resiste muito a aceitar
que alguém que amamos não é,
e nem nunca foi, especial.
Que sorte quando a gente sabe com quem está lidando:
mesmo que venha a desamá-lo um dia,
tudo o que foi construído se manterá de pé.

Texto retirado do Gazzag Blog do Jorge.
Lá, ele colocou a seguinte frase antes do título:
"Uma homenagem às mulheres e uma aula aos homens "

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