Ser criança é achar que o mundo é feito de fantasias, sorrisos e brincadeiras.
Ser criança é comer algodão doce e se lambuzar.
Ser criança é acreditar num mundo cor de rosa, cheio de pipocas.
É ser inesquecivelmente feliz com muito pouco.
É se tornar gigante diante de gigantescos pequenos obstáculos.
Ser criança é fazer amigos antes mesmo de saber o nome deles.
É conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar.
Ser criança é ter o dia mais feliz da vida, todos os dias.
Ser criança é estar de mãos dadas com a vida na melhor das intenções.
É acreditar no momento presente com tudo o que oferece,
é aceitar o novo e desejar o máximo.
Ser criança é chorar sem saber porque.
Ser criança é estar em constante estágio de aprendizado,
é querer buscar e descobrir verdades sem a armadura da dúvida.
Ser criança é olhar e não ver o perigo.
Ser criança é ter um riso franco esparramado pelo rosto,
mesmo em dia de chuva,
é adorar deitar na grama, ver figuras nas nuvens e criar histórias.
Ser criança é colar o nariz na vidraça e espiar o dia lá fora.
É gostar de casquinha de sorvete, de bolo de chocolate,
de passar a ponta do dedo no merengue.
Ser criança é acreditar, esperar, confiar.
E é ter coragem de não ter medo.
Ser criança é querer ser feliz.
Ser criança é saber embrulhar desapontamentos
e abrir caixinhas de surpresas.
Ser criança é sorrir e fazer sorrir.
Ser criança é ter sempre uma pergunta na ponta da língua
e querer muito todas as respostas.
Ser criança é misturar sorvete com televisão,
computador com cheiro de flor,
passarinho com goma de mascar, lágrimas com sorrisos.
Ser criança é errar e não assumir o erro.
Ser criança é habitar no país da fantasia,
viver rodeado de personagens imaginários,
gostar de quem olha no olho e fala baixo.
Ser criança é pedir com os olhos.
Ser criança é gostar de sentar na janela
e detestar a hora de ir para a cama.
Ser criança é cantar fora do tom
e dar risadas se alguém corrige.
Ser criança é ser capaz de perdoar e anestesiar a dor
com uma dose de sabedoria genuína e peculiar.
Ser criança é andar confiante por caminhos difíceis
e desconhecidos na ânsia de desvendar mistérios.
Ser criança é acreditar que tudo é possível.
Ser criança é gostar da brincadeira, do sonho, do impossível.
Criança é saber nada e poder tudo.
Ser criança é detestar relógios e compromissos.
É ter pouca paciência e muita pressa.
E ser criança é, também,
ser o adulto que nunca esqueceu da criança que foi um dia.
O adulto que consegue se reencontrar com a criança
que ainda vive no seu íntimo e mais precioso território.
Aquele pedaço que justifica todos os percalços
e que dignifica todos os tropeços.
A ingenuidade restaurada no dia-a-dia
e que o transforma em herói ao reler as histórias de sua própria vida,
narradas pela criança que o abraça,
nas entrelinhas de um tempo que permanece imutável porque sagrado.
O tempo do princípio, da origem, da própria essência.
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