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"Acho que finalmente me dei conta que o que você faz com a sua vida é somente metade da equação. A outra metade, a metade mais importante na verdade, é com quem está quando está fazendo isso."

30/06/2007

O filho

Pai e filho se amavam muito,
e cada qual curtia o que o outro gostava de fazer.
Quantas vezes viajaram juntos!
Às vezes, numa boa pescaria, quando o peixe rareava,
deixavam tudo de lado para dar lugar a um "papo" amigo e descontraído.
Era de dar inveja a relação que tinham.
Já havia algum tempo, após perder a esposa,
que aquele homem desistira de reconstruir sua vida afetiva ao lado de outra mulher. Concentrou sua energia no trabalho, na relação com o filho,
e numa atividade que lhe passou a ser cara e prazerosa:
comprar quadros de pura arte: Picasso, Matisse e Van Gogh.
Com o passar dos anos, reuniu em sua mansão um acervo respeitável,
raras vezes aberto à apreciação do público local.
E então veio a guerra.
Nada nem ninguém foi capaz de impedir que seu único filho fosse para o front.
Uma vez lá, em pouco tempo, o rapaz se destacou por desafiar a morte,
correndo todos os riscos para salvar colegas feridos.
A um deles, em especial,
confidenciou sobre o gosto de seu pai por quadros de pintores famosos.
Ele, pessoalmente, gostava de alguns óleos sobre tela
cuja paisagem apresentasse água em movimento.
Um dia, porém, no afã de salvar mais um patrulheiro,
tombou mortalmente ferido e morreu.
Quando aquele pelotão retornou da guerra,
entre os sobreviventes estava o amigo mais chegado daquele jovem valente.
Pensou logo em aproximar-se do velho pai, que vivia só e devia estar sofrendo,
mas não quis fazê-lo de mãos vazias.
Como sabia rabiscar alguns contornos humanos, procurou desenhar,
da melhor maneira que pode, o rosto de seu bom amigo e salvador,
o filho daquele velho senhor.
Tocou a campainha, identificou-se e estendeu-lhe o presente.
Com mãos trêmulas, o pai o desembrulhou.
Olhando demoradamente o rosto de seu saudoso filho
agradeceu ao jovem soldado o seu gesto
e o elogiou por retratar com precisão os traços mais significativos do filho.
Alguns anos se passaram, e o velho pai descansou.
Após anunciar nos jornais, o leiloeiro estava pronto
para iniciar o leilão dos quadros tão famosos.
A disputa prometia.
Ao dar início, o leiloeiro leu as regras de praxe
e acrescentou que, por ordem do proprietário,
o primeiro quadro a ser leiloado intitulava-se "O Filho".
Abriu, então, para as primeiras ofertas.
Mas não houve oferta alguma.
Insistiu: "Se não houver oferta pelo quadro "O Filho", não haverá leilão".
Todos protestaram com veemência: Não viemos pelo "Filho"! - disseram
- Nós viemos por Matisse, por Picasso e por Van Gogh!
Como insistisse o leiloeiro com "O Filho", um senhor muito humilde, nem sentado estava, nos fundos do salão nobre, ergueu as mãos e disse timidamente:
-"Olha, Sr., eu não tenho mais que dez reais. Se tivesse mais, eu os daria pelo quadro "O Filho".
- Alguém dá mais? - gritou o leiloeiro.
Como ninguém se manifestasse, após a terceira chamada, ele bateu o martelo, e disse: "O Filho" está vendido para o cavalheiro lá dos fundos!
Enquanto o Sr. se dirigia à frente para efetuar o pagamento e levar "O Filho" pra casa, o leiloeiro surpreendeu a todos, dizendo:
-Senhoras e senhores, o leilão está encerrado!
Ante o protesto de todos, ele abriu solenemente o Testamento do proprietário,
e nele estava escrito:
Aquele que levar o meu "Filho", levará todos os meus quadros.
A propósito, está escrito: "o Pai ama o Filho e pôs tudo nas mãos dele"
(João 3:35).

Por isso, mais ainda do que na história relatada,
e respirando fundo a vitória de Cristo na Páscoa,
quem leva o Filho de Deus no seu coração,
tem o que há de mais precioso e leva tudo pra casa e para a Vida.

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